No ano passado colaborei na realização de um lindo projeto: a exposição Agô, da fotógrafa Roberta Guimarães, com curadoria de Raul Lody e expografia de Isabela Faria. A abertura da mostra foi no Mês da Consciência Negra, ou seja, em novembro, na Estação Cabo Branco, em João Pessoa-PB, um equipamento cultural projetado por Oscar Niemeyer.
A mostra Agô, que significa “com licença” no idioma iorubá foi apresentada ao público com 30 imagens e 2 vídeos. Trata-se de um desdobramento de uma pesquisa realizada pela artista visual durante quatro anos em 12 terreiros e que resultou no livro ‘O sagrado, a pessoa e o orixá’ (160 páginas e centenas de imagens).

Exposição Agô – Roberta Guimarães. Com fotografias, vídeos, som e aromas. De novembro 2015 a janeiro de 2016.
A publicação culminou em uma belíssima exposição de fotografias viabilizada através do edital de circulação do Fundo de Cultura de Pernambuco (Funcultura-Fundarpe). Minha participação foi desde a obtenção da carta de anuência do local de exposição até a pesquisa de produtos e serviços que viabilizassem a exposição realizada com apoio de Lúcia França, curadora do espaço.
Agô é uma mostra importante pelo recorte artístico que expõe o Candomblé e também pela tentativa de desconstruir preconceitos de religião e de gênero.
Em tempos sombrios de intolerância, a exposição traz o contexto do sagrado com abordagem estética que sensibiliza o expectador por meio de sons, imagens e aromas em um equipamento cultural cuja visitação se equilibra entre escolas e turistas que visitam a capital da Paraíba.
A exposição sobre a cerimônias do Candomblé (denominado Xangô em algumas regiões do Nordeste) contribui para a educação do olhar abrindo novos horizontes à percepção da cultura africana e propõe um exercício para a suspensão dos preconceitos. Entre outros detalhes da cerimônia, a mostra Agô destaca que um orixá masculino pode se manifestar em uma filha de santo ou vice-versa. Imagens do vídeo Crossdressing mostra que no Candomblê (Xangô) não há barreiras em relação de gênero — o feminino e o masculino aparecem sem restrição a um sexo.
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Na abertura da mostra houve a participação de vários representantes de terreiros de Pernambuco e da Paraíba. E também recepção com tambores do Grupo Iyálodê e o coquetel incluiu comida votiva como axôxô, acarajé, aberem e abará.
A exposição Agô, de Roberta Guimarães, ficou em cartaz dois meses. Alcançou mais de 6500 mil assinaturas no livro de visitas. Uma experiência marcante para todos os envolvidos.
“Tive o primeiro contato com Sandra Vasconcelos na III Conferência Nacional de Cultura em 2014, em Brasília. Na ocasião participávamos das discussões para o setor de Artes Visuais do MinC. Depois tive o prazer de tê-la como produtora na minha exposição fotográfica AGÔ, realizada em João Pessoa , na Estação Cabo Branco no final de 2015 e início de 2016. Mesmo distante; ela em João Pessoa e eu em Recife, não houve problemas na condução da pré-produção e produção realizadas por ela. Aliás, tenho só elogios a fazer.
Além de providenciar o que foi necessário para realização da montagem da exposição, sugeriu ótimos profissionais para os serviços pertinentes ao evento, preocupou-se com a divulgação do evento, através da imprensa de João Pessoa, conseguiu cortesias para alimentação no Divina Itália e fez, com muito carinho, o convite a personalidades de João Pessoa para prestigiar a abertura da exposição. Além da eficiência na condução do evento, Sandra fez tudo sempre com muito bom humor. ”
Roberta Guimarães